SOBRE A OSB-EA

CONTEÚDO

  1. Introdução e Precedentes Históricos
  2. Definição
  3. Ser um Beneditino
  4. Sobre São Bento de Núrsia
  5. A Tríplice Corda: Opus Dei, Lectio Divina, Labor
  6. A Liturgia das Horas
  7. A Regra Beneditina
  8. Vivência da Espiritualidade nesta Ordem
  9. O Regimento Geral da Ordem e outras bases

1. INTRODUÇÃO E PRECEDENTES HISTÓRICOS

A tradição beneditina é parte intrínseca do Anglicanismo. O cristianismo celta, oriundo das ilhas britânicas, que apresentava pouca e - durante um intervalo de tempo - nenhuma ligação com o cristianismo continental, teve seus laços fortalecidos, e posteriormente formalizados, após os trabalhos da missão de monges beneditinos que foram enviados por Roma ao Sul da Inglaterra, criando este vínculo no sec VI e influenciando parte da formação da identidade do que viria a, num futuro bem posterior, se tornar uma das maiores famílias cristãs do mundo: a Comunhão Anglicana.

Ligados a Roma, os mosteiros beneditinos em solo inglês desde então passaram a fazer parte dessa realidade por cerca de mil anos, sofrendo interrupções em sua existência durante o período da Reforma, mas tendo a existência dessa espiritualidade restabelecida na medida em que o tempo passou e a Igreja da Inglaterra foi amadurecendo o conceito de via média como o caminho do bom equilíbrio cristão.

No Brasil o trabalho beneditino anglicano existe graças especialmente ao Prior Fundador, Reverendíssimo Conêgo Sebastião Teixeira, chamado Frei Benito, OSB, clérigo emérito da Diocese Meridional da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, o qual, por iniciativa pessoal, a partir de 1993 procurou conhecer e se aprofundar na espiritualidade beneditina, sob orientação do seu amigo, Abade Dom Joaquim de Arruda Zamith (Igreja Católica Apostólica Romana).

O Conêgo Sebastião inicialmente não teve intenção em fundar uma Ordem Religiosa, porém - uma vez orientado e abençoado por Dom Zamith, figura tão importante no mundo beneditino brasileiro, e com a procura de outros irmãos pela espiritualidade de São Bento em sua diocese (Meridional) - Frei Benito originou em 1995 primeiramente um grupo informal e, três anos depois, a partir da criação de mais outro grupo, desta vez na Diocese Sul Ocidental em 1998, podemos dizer que se constituiu sob o seu Priorado (que deixou de ser restrito a uma Diocese), o que foi chamado inicialmente de Oblatos Anglicanos de São Bento (OASB), e hoje simplesmente de Ordem de São Bento Episcopal Anglicana (OSB - EA).

2. DEFINIÇÃO

Com base no Artigo 1º do Regimento Geral da Ordem podemos dizer que, a Ordem de São Bento Episcopal Anglicana (OSB - EA), é um grupo composto por membros clericais e leigos de ambos os sexos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), 19ª Província da Comunhão Anglicana, e que, com conhecimento da IEAB e dentro do ethos anglicano, segue a Regra de São Bento de Núrsia, tendo seus membros internamente subordinados ao Regimento Geral da Ordem (documento equivalente ao seu Estatuto), buscando no caminho das Sagradas Escrituras servir a Cristo, aperfeiçoando continuamente - sob orientações do Priorado - o exercício espiritual e disciplinar do Ora et Labora, através do Opus Dei, da Lectio Divina e do Labor.

A OSB - EA se conforma à doutrina, disciplina e culto da IEAB, não sendo possível sua existência desvinculada dela, e é um grupo único, estruturado de forma nacional (isto é, com abrangência provincial), tendo seus membros presentes em todas as dioceses cujo Bispo ou Bispa Diocesano(a) autorize sua participação individual, ou não revogue autorização dada pelo(a) antecessor(a).

Por ser uma Ordem de tradição anglicana, que defende como indispensável a comunhão com Cantuária, a Ordem de São Bento Episcopal Anglicana tem como seu símbolo, e insígnia oficial, a Cruz de Canterbury com a medalha de São Bento cravada ao Centro, estando à frente a face onde há as iniciais CSSML NDSMD.

Sendo uma Ordem mista, admite pessoas maiores de idade de ambos os sexos, e possibilita igualmente a ocupação de cargos, funções e atribuições, desde que atendidas as disposições e os rígidos critérios do Regimento Geral da Ordem.

3. SER UM BENEDITINO

Sem dúvida a primeira implicação para quem deseja ser um Oblato beneditino ou Oblata beneditina é: "Escuta..." essa será a primeira lição. Mas, pondo numa linguagem mais comum (talvez até simplista), a consequência da escuta será observar, estudar, cultivar espiritualidade e - dentro das possibilidades de cada um - ser um cristão ou uma cristã de profunda dedicação, onde estiver.

A Ordem busca ser, mesmo com seus membros a distância, um espaço de comunhão, intercessão mútua, estudo constante e cultivo da espiritualidade. Buscar coerência nas nossas atitudes, bom senso no agir, pensar antes de falar, conhecer a si mesmo(a) e buscar autocontrole é aprendizado constante para quem deseja trilhar esse caminho. Ninguém chegará a perfeição, mas o beneditino, irmanado com seus iguais, anda nessa estrada.

Outro detalhe: ao optar por ser um beneditino ou uma beneditina a pessoa não deixa de ser cristã e nem deixa (em nosso caso) de ser anglicana, muito pelo contrário, como já explicamos ao início, a história do Anglicanismo e do Beneditismo se cruzam. Porém, logicamente, no processo de aprendizado bebemos das inúmeras fontes beneditinas: das mais conservadoras as mais progressistas, das mais tradicionais as mais reformadas, para que possamos ter uma visão completa e equilibrada, sempre com foco na espiritualidade numa perspectiva do ethos anglicano, ao mesmo tempo em que elementos dessa tradição, como o canto gregoriano e a liturgia das horas, serão exploradas no tempo oportuno.

4. SOBRE SÃO BENTO DE NÚRSIA

Nos últimos tempos têm surgido novas formas de vida religiosa e comunitária, respondendo às necessidades dos cristãos de hoje e à inspiração do Espírito Santo. Todavia, a milenar tradição de vida religiosa no Ocidente tem sido principalmente moldada pela Regra de São Bento (ou simplesmente Regra Beneditina, RB).

Pouco sabemos sobre a vida de Bento. Nasceu na Úmbria (Itália) em 480 A.D. Aos 20 anos retira-se para Subiaco, a fim de viver como eremita e dedicar-se à oração. Sua reputação de santidade fez que fosse solicitado a dirigir pequenas comunidades monásticas da vizinhança, mas a sua disciplina suscitou oposição e rejeições. Em 529 mudou-se para Monte Cassino, onde estabeleceu uma grande família monástica e foi ali que redigiu sua famosa Regra, que resumia e melhorava experiências anteriores (a Regra do Mestre, Santo Agostinho, Cassiano, que por sua vez destilavam os princípios e ideais religiosos dos eremitas e monges do Egito e do Oriente), na procura de Deus, nas práticas da oração e na luta espiritual. Bento morre em Monte Cassino, em 21 de Março de 547, mas deixou um legado que perpassou os séculos, espalhando-se pelo mundo e servindo de modelo de vida a inúmeras pessoas de várias denominações cristãs.

5. A TRIPLICE CORDA: OPUS DEI, LECTIO DIVINA E LABOR

A vida comunitária é vista como uma ordenada sucessão de oração, atividade e reflexão que reflete diretamente na Tríplice Corda, a qual queremos discorrer. 

A Regra de São Bento estabelece primeiro o ''OPUS DEI'', no qual os monges, em comunidade, celebram sete vezes ao dia o Ofício Diário, composto de salmos, hinos, antífonas, responsórios e leituras bíblicas. O modelo espalhou-se por toda Europa, e embora sofresse adaptações e desenvolvimentos durante os séculos, converteu-se, por mais de mil anos, em norma para toda a Igreja Ocidental. Nós, como Oblatos, procuramos manter nossa vida de oração pessoal e comunitária, dentro da espiritualidade beneditina, rezando o Ofício Divino, oração essa pertencente à toda tradição cristã, respeitando o estado de vida de cada irmão ou irmã.

Enfatiza, em segundo lugar, a "LECTIO DIVINA'', na qual os irmãos refletem sobre textos bíblicos, os escritos dos Santos Pais e Mestres da espiritualidade, para que, num tranqüilo processo de absorção, baseado na verdade da Palavra de Deus, nutrir suas inteligências e moldar um temperamento reflexivo e contemplativo de devoção. Nós oblatos, nos comprometemos individualmente ou comunitariamente, meditar e contemplar a Palavra de Deus ao longo do dia.

Em terceiro lugar se estabelece o ''LABOR'', que assegura para as pequenas comunidades monásticas a auto-sustentabilidade social, espiritual e econômica. O ritmo de trabalho e oração oferecia uma espiritualidade integrada e equilibrada. Deus era glorificado tanto pelo uso e mordomia da criação, quanto na articulação do louvor na Igreja. Nós, Oblatos, não vivemos em mosteiros, mas no século (mundo) e por isso nos ocupamos com funções seculares para que nossa entrega a Deus seja perfeita.

Como Oblatos, uma Ordem que não é comunitariamente fechada, como a nossa, esses ensinamentos são trazidos e adaptados para a vida no século, para a vida fora do mosteiro como pessoas que interagem com o mundo, constituindo essa adaptação material para a nossa vivência e também de nossos estudos.

6. A PRÁTICA DA LITURGIA DAS HORAS

Como a rotina de vida de cada membro é fora do mosteiro, a liturgia das horas é feita individualmente por cada membro em seu dia-a-dia e dentro das suas possibilidades, conforme sua realidade pessoal.

Coletivamente, em datas agendadas, a Liturgia das Horas também é praticada pela Ordem reunida, sendo usada de acordo com o momento do dia. Para os membros, participantes ou visitantes aos trabalhos da Ordem, que possuem um Capítulo Beneditino em sua região isso, é feito presencialmente, e para todos os membros pelo meio virtual duas vezes ao mês.

Oração das Laudes Comunitária

7. A REGRA BENEDITINA

Uma característica importante da Regra é a sua humanidade: ela é - comparativamente com outras da antiguidade - considerada moderada, sensível, simples, sem rigorismos extremos. Ao tempo que coloca diante dos monges o objetivo de uma vida santa, enfatiza a importância da estabilidade (permanência no mesmo mosteiro) e da necessidade de aceitar as limitações e obrigações da vida em comum, pedindo que os monges aceitem com paciência as fraquezas físicas ou de conduta dos irmãos, que procurem sempre servir e procurar o bem alheio, que respeitem o Abade com afeto sincero e humilde e que nada coloquem acima de Cristo e da Oração. Nesta ''escola de serviço do Senhor'' foi que Bento encorajou os irmãos a se ajudarem mutuamente no seguimento dos caminhos de Cristo e a receber sempre o estranho, que chegava às portas dos mosteiros. Ela é um caminho de vida evangélica no seguimento do Senhor Jesus.

A leitura frequente da Regra, como base para reflexão sobre estabilidade, organização e disciplina (pessoal e coletiva) é praxe para um beneditino.

8. VIVÊNCIA E ESPIRITUALIDADE NESTA ORDEM BENEDITINA EPISCOPAL ANGLICANA

Podemos dizer que o lema Ora et Labora consegue traduzir a vocação beneditina e como sua espiritualidade é cultivada. Tudo para uma pessoa beneditina é um serviço para Deus, portanto, a oração, a introspecção, o silêncio para ouvir a voz de Deus e o exercício espiritual antecedem todas as coisas. Sobretudo no mundo agitado de hoje, onde a exigência de respostas imediatas é tão importante, e onde "não há tempo para coisa alguma", pensar antes de agir significa para um beneditino silenciar, refletir e orar antes de tudo.

O "Ora" antecede o "Labora", mas não se dissocia dele. A fé sem obras é morta em si mesma, mas (enfatizando aqui a visão da Reforma) a fé deve ser impulsionadora da obra. O trabalho começa pela disciplina espiritual, mas permeia toda a vida, pois a criação divina está em toda parte e, dessa forma, tudo o que fazemos deve ser dedicado à Deus.

Um beneditino ou beneditina não exerce, necessariamente, um carisma específico (num sentido exclusivista), ou ainda pré-determinado, seja ele a caridade, ou o ensino, ou administração... mas em qualquer um deles o fará prioritariamente como um exercício de serviço ao Senhor. Isso tudo se realiza também como trabalho em prol do próximo, partindo da dimensão individual para a coletiva, sem esquecer que, na vida coletiva (e essa é a realidade dos monges ou monjas nos mosteiros) aprendemos com o outro, e assim fazemos o movimento de volta. Do coletivo retornamos para o individual, e assim retroalimentamos o crescimento da maturidade de cada um, criando um ciclo contínuo, fortalecendo no Ora et Labora a indissolubilidade que o caracteriza.

9. O REGIMENTO GERAL DA ORDEM E OUTRAS BASES DA OSB-EA

A Regra de São Bento e a Liturgia das Horas, com os devidos referenciais nas sagradas escrituras, que ambas possuem, constituem as fontes para a rotina de nossa prática Espiritual. Entretanto, estando devidamente organizada a OSB-EA dispõe de seus livros internos destinados ao seu bom funcionamento cerimonial e administrativo, pois não existe harmonia onde impera o improviso. 

O Regimento Geral da Ordem rege sobre seus aspectos internos, como o propósito da Ordem, admissão de membros, formação, atividades, estrutura, etc.

No Ritual, para uso nas cerimônias internas temos - conforme recebido em nossa tradição beneditina anglicana - os ritos de postulância, noviciado e votos de oblação, bem como a Investidura de Priorado e outras orientações.

O Caderno de Modelo de Documentos permite a cada oblato conhecer  tanto os documentos relacionados a parte administrativa, quanto os certificados e documentos ligados a formação e aos Ritos na Ordem.

O Livro de Memórias detalha nossa história, pois um grupo que não preserva sua história de forma realista, fica sem passado, perde a direção no presente e não consegue planejar seu futuro de maneira sóbria.

O estudo da Regra, a prática da Liturgia das Horas, o conhecimento dos documentos internos contribuem para uma formação completa dentro desta OSB - EA. 

ESTE É O SITE OFICIAL DA ORDEM DE SÃO BENTO EPISCOPAL ANGLICANA
Desenvolvido por Webnode Cookies
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora